Joaquim Major acaba de lançar o seu segundo livro. O romance “Bossas sob um Céu zangado” foi apresentado, no sábado, na Biblioteca Municipal Manuel Alegre, pelo escritor e jornalista Afonso de Melo. O RA falou com o autor sobre este novo livro e sobre a importância da escrita na vida deste contabilista P> Acaba de lançar mais um livro. Trata-se da novela “Bossas sob um Céu zangado”, editado pela Alfarroba. Em que se inspirou para a sua escrita? R> Permita que faça uma correção. Esta obra não é uma novela, é um romance. A inspiração para a escrita, em todas as minhas obras, vem do que sinto, isto é: vem do que vejo, vem do que ouço, vem do que toco, e sobretudo, vem dos livros que leio e da música que ouço. Em suma, vem das vivências acumuladas ao longo dos anos. A isto, acrescente-se-lhe esse imprescindível valor imaterial que é a imaginação. Sem ela não se faz obra. De realçar, que sou um autor que escreve sem planeamento, isto é, coloco uma frase na folha branca e espero que esta frase me sugira outra, e, assim, o livro vai avançando como se umas frases se engravidassem de outras. Isto significa que, quando decido iniciar uma obra, nunca sei como vai começar e muito menos como vai acabar. É frequente ser assaltado pela curiosidade de querer descobrir, como se eu fosse o leitor, o fim da história. P> Há alguma relação entre este e o seu anterior livro “Cordões a duas Cores”? R> De maneira nenhuma. Cada livro inunda-se de um mundo único e independente. Mesmo no primeiro livro, esse sim, composto por duas novelas, não há qualquer relação entre elas. A única relação que se pode encontrar, não tem a ver com o conteúdo, mas sim com a forma; foram só duas novelas que se reuniram para se constituírem em livro. P> O que representa a escrita na sua vida? R> Para mim a escrita é um hobby e uma excelente maneira de estar só. Porém, é um falso só, pois no ato da criação estou acompanhado pelas personagens a que dei vida e que passam a fazer parte do meu quotidiano, até que ponha um ponto final nas histórias. P> O que o motivou a escrever? R> Desde muito novo que tenho apetência para ler e escrever. Com 20 anos, tinha lido toda a obra publicada por esse poeta maior da língua portuguesa, Fernando Pessoa. Nessa época não lia prosa, só lia poesia, e tentei, por várias vezes, fazer-me poeta. O meu sonho era escrever algo que pudesse ter a dimensão de Fernando Pessoa. Rapidamente me desiludi. Acabado o curso no ISCAA, passei uns anos sem ler obras literárias, só lia livros científicos, técnicos e de fiscalidade. É sempre assim no início de uma vida profissional. Quando, finalmente, voltei às leituras prazerosas, peguei, pela primeira vez, num livro de prosa que me ofereceram pelo Natal: “Terra Sonâmbula”, de Mia Couto. Fiquei de tal modo encantado por ter descoberto que se podia escrever prosa ensopada de poesia, que hoje dificilmente pego num livro de poesia. E foram todos os livros de boa prosa que fui lendo de vários autores, que me despertaram novamente a vontade de escrever. E, cá estou eu, rabiscando umas coisas para me entreter. Facebook Twitter LinkedIn WhatsApp Email
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